Garagem do Amílcar

O blog do Amílcar Filhoses, o Profeta do Agrotuning

09 junho 2006

Manifesto ao tricot

Há uns meses atrás decidi dedicar-me ao tricot. Esta técnica cedo me fascinou, quer por transformar simpáticas velhinhas em samurais portadores de perigosos objectos perfurantes, quer por ser distintivo de virilidade. Estou entusiasmado, devo admitir. Porém começo a colocar sérias reservas à possibilidade de continuar a praticar esta modalidade.
Hoje recebi uma carta que consagra o meu estatuto de atleta de alta competição do lançamento da casca do tremoço, e, como tal, parece-me que me vou ter de retirar desta milenar ocupação que é o tricot. Como tal decidi fazer neste post um pequeno texto sobre a beleza e importância do tricot na sociedade contemporânea.
O tricot nasceu, ao que tudo indica, no Egipto. Tendo nascido no seio de activistas pró-aborto, que é como quem diz pró-Madaíl, podemos considerar que foi uma sorte este ter visto a luz do dia, uma vez que se suspeitava de trissomia 21. O que no ínicio fora apenas uma ocupação de tempo transformou-se num desperdício deste. Esta subida de categoria no ranking da estupidez deve-se especialmente ao facto de este consistir em entrelaçar fios (de lã ou não) de forma organizada, criando-se assim um pano que, como manda o bom gosto, deverá ser colocado em cima de um belo televisor e, de preferência, com um bibelô no arcaboiço. Não, amigos, não estou a confundir com os panos de renda. É propositado porque assim não tinha objecto para esta divagação parva...
Apesar de ser estupidamente enfadonho andar a pinar fios com a ajuda de um palitos compridos e pontiagudos não podemos descurar a importância deste na sociedade mundial, consumada a semana passada. Graças aos pauzinhos a Dona Ermenegilda vazou um olho ao Vítor do talho, o que originou a revolta de São Mamado, pois este confundiu os garrafões e, em vez de dar um copo de água ao fracachichas do Joaquim deu-lhe um copanázio de carrascão, que pôs aquele santo homem a cantar o hino nacional da Serra Leoa em mandarim. Aquilo deu sururu e houve para aqueles lados da Poucariça batatada de meia-noite, que resultou na destruição do pelourinho. Aos olhos do mundo tudo isto foi visto como um acto bárbaro, o que desencadeou inúmeras reprimendas escritas por parte dos outros países para o D.Sebasti... perdão, para o Cavaco Silva.
Portugal, enfrenta agora uma crise diplomática por causa do tricot, o que é algo sinceramente pouco original. De vez em quando gostava de ver Portugal sofrer de crises de hemorróidas. Só para variar...