Garagem do Amílcar

O blog do Amílcar Filhoses, o Profeta do Agrotuning

09 abril 2007

O agrotuning sou eu e és tu

Após a colocação no blog do vídeo acerca d”Os tractores do Maripá” fui confrontado com uma questão que parecia ameaçar aspectos estruturais deste (e mesmo do próprio agrotuning), como orientador e forma de expressão de uma comunidade que vive para o tractor. Tal prendia-se com a possível falta de legitimidade de, após a visualização deste filme, continuar a considerar o agrotuning como algo de inovador e da minha autoria. Assim, e quer para esclarecer o equívoco que se parece ter gerado, quer para melhor explicitar o conceito de agrotuning, proponho-me assim a elaborar a primeira teorização deste.

O conceito “agrotuning” é, em si, bastante recente e nasceu pela mão de Amílcar Filhoses, coadjuvado por alguns membros da Rinoceroulas Produções. Como o indica a própria palavra, agrotuning é o resultado da aglutinação das palavras tuning e agrário. Posto isto podemos desde já verificar que considerar este termo como tendo a mesma significância que tractor tuning é no mínimo redutor, na medida em que este último se imiscui na própria significância deste termo mais complexo e abrangente, que é, precisamente, o “agrotuning”, uma vez que engloba não só a vertente física do acto de kitar, mas também um sentimento de amor incondicional para com o seu veículo/alfaia.

Na realidade, não é de todo descabido que os leigos na matéria considerem tractor tuning e agrotuning como sinónimos, uma vez que a modificação dos componentes integrantes do tractor constitui a faceta mais significativa e mediatizada desta comunidade. No entanto, o rigor impõe-se e tais práticas devem ser abandonadas já que, ao compactuar com elas, se incorre no risco de subverter o real significado de agrotuning. É, em suma, devido a este tipo de imprecisões que este mesmo equívoco, gerado pelo vídeo acima referido, se deve.

“Agrotuning” deve pois ser correctamente interpretado como uma forma de vida dedicada à modificação dos diversos componentes de alfaias agrícolas, como por exemplo tractores, corta-relvas, entre outras. Estas modificações podem ter dois objectivos: melhorar (leia-se dar um toque pessoal) ao visual do objecto em questão, ou potenciar o desempenho/performance mecânica destes

Ora, a peça que está na génese desta infundada polémica reporta-nos ao local onde, indubitavelmente, nasceu o street racing de tractores. Porém, nada mais é referido no que toca ao “artilhar” dos respectivos veículos para uso diário. Assim, o Maripá acaba apenas por ter importância até certo ponto, na medida em que este caso específico acaba por apenas repercutir e dar eco da crescente importância do tractor na sociedade deste novo século. Não sendo eu um ser ensimesmado e autista é óbvio que a inspiração necessária para a criação deste termo não nasceu do vazio. E, apesar de desconhecer até há bem pouco tempo o caso específico do Maripá, é óbvio que criação do agrotuning se insere neste contexto acima referido, de emergente valorização do tractor e demais alfaias.

Salvaguardadas as devidas diferenças quero com isto reforçar a minha posição. O agrotuning é um conceito que exprime o sentimento e a prática de uma comunidade que vive para o tractor e que encontra nele a satisfação pessoal que procura. Neste sentido, considero este conceito, da minha autoria, único e inovador, nem que seja por ter permitido a esta comunidade a criação de um conceito à luz do qual se possam finalmente identificar e no qual vejam os seus valores e ideais de vida reflectidos.