Garagem do Amílcar

O blog do Amílcar Filhoses, o Profeta do Agrotuning

01 março 2007

O facalhão - história de uma vida

Embora seja um instrumento consagrado no que toca a práticas relacionadas com o estropiamento de membros, a verdade é que o facalhão tem sido não raras vezes negligenciado pelas autoridades agrícolas deste país, que parecem não reconhecer o inegável contributo deste para a prática da apanha da laranja. Tratando-se este utensílio manual de um dos mais paradoxais instrumentos de trabalho que o ser humano tem ao seu dispor, parece-me não só justificável, como mesmo imperioso dar aqui, neste espaço por excelência de debate das questões agrárias, a visibilidade que este instrumento merece.
A criação do facalhão data dos tempos mais recônditos da nossa história e teve como criador D.Afonso Henriques. Tendo começado por desempenhar funções ao nível da manicure e pedicure a verdade é que o facalhão evoluiu, tendo vindo a desempenhar as mais variadas funções. Notabilizando-se na missão secreta empreendida pelo nosso grande rei D.Dinis, que visava tomar de assalto o Pinhal de Leiria aos Gambozinos, o facalhão veio posteriormente a ingressar numa carreira militar, onde foi distinguido com a Medalha de Mérito por serviços prestados à nação.
Embora profissionalmente bem-sucedido, o facalhão sempre denotou problemas do foro psiquiátrico, agravados pelo facto de lhe estarem vedadas todo o tipo de práticas sexuais que tanto prazer davam aos seus amigos. Com o tempo, e sem conseguir ultrapassar tal limitação, o facalhão começou a desenvolver práticas anti-sociais e a sua pendência para a misantropia agravou-se. Desintegrado da comunidade onde vivia o facalhão procurou a felicidade na comunhão com a Natureza, rompendo todo e qualquer contacto com qualquer ser humano e também com o Cláudio Ramos. Desta fase data a sua alcunha de "facalhão do mato".
Anos mais tarde conheceu um dos seus maiores amigos: Rambo. Rambo tornou-se no seu ombro amigo e confidente. A ele lhe confidenciava as suas agruras e tristezas e também as suas infelicidades, tal como os seus desgostos. Rambo compreendia-o e tentava proporcionar-lhe aquilo que a vida não trouxera ao facalhão. Assim, num belo dia, e num ataque de solidariedade e também de alguma parvoíce, decidiu proporcionar-lhe o prazer sexual que o facalhão nunca tivera. Assim nasceu a circuncisão. E dois nanosegundos depois a amputação dos órgãos reprodutivos masculinos.
Apartado de parte do seu precioso apêndice, Rambo, devastado, decidiu dar a sua vida por terminada. O facalhão nunca recuperou. Hoje, regressado à civilização, divide o seu tempo entre a argicultura e a sede da Ideal Casa onde, manietado por uma poderosa fada do lar se encontra subjugado, sendo obrigado a vender-se a troco de dinheiro.
Hoje assistimos a um final do facalhão algo decadente. Porém nunca esqueçamos aquilo que ele nos ensinou. Só assim viveremos o real espírito do facalhão. Só assim o facalhão continuará a viver em nós.