Garagem do Amílcar

O blog do Amílcar Filhoses, o Profeta do Agrotuning

01 fevereiro 2007

Interrupção voluntária da gravidez, aborto para os amigos

Eu tinha-me prometido a mim mesmo que não iria falar de assuntos sérios neste blog, porém, os outdoors do movimento "Não Obrigada" impeliram-me a tal.
Os outdoors deste movimento são, a meu ver, a melhor coisinha que, nos últimos tempos, surgiu nas ruas de Portugal. Até ao momento já vi pelo menos três e digo-vos que, até agora, estes são os únicos que se destacaram dos demais. Analisemos o porquê.
Eu era capaz de começar por aquele que diz: "Pagar com os meus impostos clínicas de aborto?". Ora, ao que parece quem fez este lindo cartaz desconhece que os impostos têm um carácter unilateral. Por outras palavras, e para quem não teve aulas de economia, tal significa que, apesar de eu pagar o mesmo montante para os impostos que o meu vizinho, tal não significa que, por fazerem um lancil para o passeio à sua porta, também tenham de fazer o mesmo em frente à minha casa. Ou seja, é nosso dever cívico pagar os impostos que serão usados pelo Governo legitimado pelas eleições. E já agora uma pergunta: como podem vocês, movimento "Não Obrigada", num assunto de tamanha importância (em que se opõem assassinos a amantes da vida) usar um argumento de cariz económico? Não será algo despropositado?
Há ainda outro de que gosto muito que é aquele que diz qualquer coisa como "contribuir com o meu voto para aumentar o número de abortos em Portugal?" que, na minha opinião, é sem dúvida o melhor. Na realidade os números dizem o que quisermos que eles digam. Por exemplo, o presidente da Serra Leoa ou da Somália pode dizer que está ao nível da Europa no que toca ao combate ao HIV. Mas será que tal quer dizer que na Serra Loa ou na Somália há menos casos de HIV? Ou simplesmente que os casos não estão devidamente registados e contabilizados? E ao pensarmos que o número de abortos aumenta se o liberalizarmos tal não poderá resultar de o facto de estes serem registados, o que não acontece caso sejam feitos clandestinamente? E quando se diz que aumentam os abortos em Portugal, não quereriam antes perguntar se, efectivamente, aumentam os abortos feitos por portugueses? É que, não sei se sabem, mas há gente que vai a Espanha fazê-los...
Para finalizar gostaria também de falar do "abortar só porque sim". Pessoal, quanto a mim não sei, mas duvido que alguma mulher se lembre de o fazer só porque não tem nada de jeito para fazer no sábado à tarde. É que da maneira como falam parece que vão esforçar-se por engravidar só para irem abortar...