A Visão lançou hoje um dos seus exemplares mais entediantes de todo o sempre: uma edição toda ela dedicada à temática do ambiente. Pormenor curioso: é um especial de 252 páginas...
Uma entrevista da Bárbara Guimarães é sempre uma entrevista da Bárbara Guimarães. O que quer que isso queira dizer. Agora uma entrevista da Bárbara Guimarães onde se possa ler que esta gosta de ver o marido a limpar o pó é um furo. E é exactamente isso que podemos observar na nova Tv Guia.
"Nunca tive vocação para freira"
Estudou num colégio religioso, mas não se deixou seduzir. Percebe-se - gosta de amêijoas à Bulhão Pato, cartas de amor e de ver o marido a limpar o pó
in TvGuia
Assim começa a peculiar entrevista de Bárbara. E aqui o engraçado nem é o que a senhora diz. É mesmo a forma como a entrevista está posta. Vejamos. Eu aceito que a Barbara nunca tenha ido muito à bola com isso da religião. É algo de perfeitamente natural. Agora acontece que a normalidade é um conceito que a TvGuia não parece ter captado com grande propriedade. Eu não sei, mas ainda não percebi a incompatibilidade entre gostar de amêijoas à Bulhão Pato e ser religioso. Quando andava na catequese e me sentava naquelas pequeninas cadeirinhas de madeira para ler a palavra do Senhor as senhoras catequistas não me ensinavam destas coisas. Advertiam-me para os caminhos do mal, para fazer o bem, para perdoar, mas nunca falavam sobre obras gastronómicas consagradas ao Demo. E das duas uma: ou estas senhoras estavam lá por cunha, ou pura e simplesmente quem escreveu isto era aquilo a que comummente se designa por "parvo". Quanto ao facto de ela gostar de ver o Carrilho a limpar o pó há apenas a registar a imagem do senhor, de avental, a limpar de rabinho empinado uma estante com o seu belo espanador de penas. Depois disto só rezo para que ele volte para a vida política activa. Com a vitória do Menezes e com a iminência da entrada do Santana no Parlamento só falta mesmo este senhor para fazer as delícias dos humoristas. Façam figas!
Podes dizer, podes chamar-me assim Um sonhador que adormece sem ti Pois não faz mal, cá vou andando Perco a viver, mas sempre ganho sonhando
Podes-te rir e espalhar meu fracasso Virar a cara quando por ti eu passo Nada me faz, sabes porquê? Fecho os meus olhos e és minha outra vez
REFRÃO: Sonhador, sonhador mas ao menos a sonhar Tenho amor, tenho amor que não tenho ao acordar Sonhador, sonhador não me importa ser chamado Se tenho amor, tenho amor que já não tenho acordado
Podes falar que já nada me dói Porque a sonhar volto a ser um herói E volto a ter tudo o que é teu Pois nos meus sonhos quem manda sou eu
Todos os humoristas, ou mesmo o Boinas, já devem ter falado sobre este assunto: falar espanhol soa a dobragem de filme alemão manhoso para maiores de dezoito, envolvendo senhoras desnudadas e homens em meias brancas de raquetes. É um facto. Agora, o que não se fala é que, dependendo da entoação que é conferida às frases, pode também soar a uma dobragem do Doraemon. E digo-vos isto por experiência própria. Estava eu muito bem no outro dia a cogitar, quando me aparece um senhor com óculos e reluzente careca que, no meio do seu discurso em português, começa a falar espanhol. E conforme ele começa a falar deixei de ver um senhor mais ou menos respeitável, para passar a ver o Nobita. Só voltei a cair em mim quando já estava abraçado ao senhor. Pelo tapinha, não me parece que ele tenha ficado incomodado. Agora eu já não posso dizer o mesmo. E isto leva-me à terrível ideia de que esta língua foi muito provavelmente criada por um maquiavélico eremita que vive numa tendinha e que volta e meia urde planos demoníacos para levar o mundo ao colapso. Pronto. Foi isto. Era só esta ideia que queria dizer. Mas falando em tendas. No outro dia fui a um rodízio de pizzas. E pensei: "Epá, vou levar aqueles gajos à falência. Vão ter de desistir. Já sei as manhas. É só um gajo pedir ananás e maminha e picanhinha da boa e ficar ali repimpadinho, que os gajos capitulam num ápice." Acontece que, apesar de todos os mitos urbanos acerca dos rodízios de pizza, as pizzas não têm maminha nem picanha. Nem os senhores cantam êxitos do forró ou os parabéns. Cantam Britney, Sam the Kid, Delfins, mas música está quieto. Em compensação têm a grande habilidade de despertar em nós o nosso lado mais jabardo. Pizza de chocolate. Que ideia é aquela? Opá, boa, pizza de gomas. Pizza com leite condensado. Pizza com solha frita e escalopes ao molho. Pessoal das pizzarias. Por eu ir ao rodízio não quer necessariamente dizer que eu tenha queimado por completo as minhas papilas gustativas, ok? Fica a atençãozinha. E tudo isto para chegar ao ponto de ligação entre uma cabana e uma pizzaria. Estávamos nós a sair quando um amigo meu se virou para mim e disse: "epá, eu acredito mesmo que a Pizza Hut no início era mesmo um restaurante numa cabana". E eu sou levado a pensar da mesma forma. E não sendo numa tenda, quando muito foi numa kubata. É uma estrondosa história de sucesso. É mais ou menos o mesmo que as "Farturas da Sandra" ascenderem a poderosa multinacional. Numa palavra, "inspirador". Noutra ainda, "espectacular". Melhor só mesmo este anúncio:
Ok, não é assim tão bom. O produto publicitado é estúpido. Mas pronto. Consegue juntar Marretas e Pizza Hut. O mais longe que fui foi com o Doraemon...
Eu sou o Amilcar Filhoses, o profeta do agrotuning. Sou bom rapaz, trabalhador e uma jóia de pessoa. Dou-me bem com toda a gente e sou amigo do meu amigo. Sou muito humilde.